quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ANO NOVO, VENDEDOR VELHO



Autor: Prof. Luiz Amorim

Laboratórios ópticos ganham dinheiro, distribuidoras e fábricas de armações ganham dinheiro, empresários do setor ganham muito dinheiro e o vendedor de ótica amarga mais um ano novo com velhas esperanças.  

Por quanto tempo ainda, conviveremos com esta triste realidade?
Tenho acompanhado as notícias do setor óptico nos portais e revistas, conversado com lideranças e autoridades envolvidas com grandes decisões corporativas, entretanto nada registrei de benefício ao vendedor de óticas, notadamente algum programa de qualificação para atendimento ou entendimento técnico do seu ofício.

Os números do setor óptico são gigantescos segundo a Abióptica, e, mesmo esta entidade que tem uma iniciativa nobre como a Fundação Abióptica, não consegue suprir as mínimas necessidades do mercado.

A profissão de consultor óptico é atraente, o mercado tem oportunidades para empregar muita gente, porém as pessoas que desejam ingressar nele não sabem onde buscar a qualificação necessária para o primeiro emprego. Esta é a fórmula que alimenta o círculo vicioso onde "o mercado não vende mais por que não treina e não treina por que não vende mais". Os mesmos atores deste caótico cenário seguem se revezando nas óticas levando vícios e multiplicando a insatisfação de patrões e empregados.

O presidente do Sindióptica.SP Sr. Akira Kido, acompanhado do Diretor Executivo desta entidade Sr.Luiz Alberto Perez Alves e ainda o coordenador do CNC Sr. André Roncatto e o Diretor executivo do Sindióptica.RS, Sr. Roberto Tenedini, estiveram em Brasília com a equipe do Ministério da Saúde para apresentar o projeto "Óptica Popular do Brasil". O referido projeto trata de inclusão visual para população de baixa renda. Segundo depoimento desta comitiva, "eles ficaram muito entusiasmados com a receptividade que o projeto obteve, bem como com o interesse demonstrado pelo Ministério da Saúde". Julgo este, o maior acontecimento do setor óptico brasileiro em 2012, afinal, se aprovado, representará mais emprego e oportunidades para o crescimento do setor.

A iniciativa é louvável, e, certamente necessária. Minha preocupação, mais uma vez se reforça, caso este projeto seja aprovado pelo Ministério da Saúde. Neste cenário teremos: mais vendas de lentes e armações, mais serviços para os laboratórios e mais empresários surgindo no mercado e, a conseqüente pergunta: Como ficará a mão de obra, frente a este crescimento inevitável?

Conheço de perto a luta do Sr. Akira Kido e do seu Diretor Luiz Alberto Perez Alvez, em prol da melhoria na qualificação dos parceiros do Sindióptica.SP, pois em 2012 ministrei três palestras em regiões distintas do estado de São Paulo com este objetivo. Nestes eventos pudemos constatar a importância dada pelos inscritos, pela presença numerosa e vivo interesse demonstrado no tema proposto.
 
O estado de São Paulo sempre na vanguarda em todos os setores, certamente se beneficiará com a aprovação de projetos desta natureza, mas, mesmo ele não estará imune as deficiências crônicas e o abismo existente entre a necessidade e a contratação de mão de obra qualificada.

Muito se faz para a defesa e o crescimento do setor óptico, contudo todos os atores devem ser contemplados, principalmente o maior responsável por todas estas conquistas. (O VENDEDOR).

Um povo que ignora seus direitos e deveres, atrofia o desenvolvimento de um país que, mergulhado nos escândalos da corrupção envergonha a todos. O setor óptico não foge a regra, se guardadas as devidas proporções. Não pode ser forte um setor que patrocina a ignorância dos seus colaboradores.

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