SUCESSÃO FAMILIAR EM ÓTICAS
Os empreendimentos ópticos bem sucedidos que já alcançaram a
marca dos vinte ou mais anos, certamente corroeram as energias dos seus
fundadores, os quais já pensam em passar o bastão aos descendentes, quando
estes existem, e estão em condições de sucedê-los.
Quando a sucessão familiar é bem orientada ou planejada em
tempo hábil, uma transição sem traumas e conflitos entre familiares é possível,
proporcionando uma convivência mais amistosa e duradoura. Ao contrário, se a
sucessão é desejada, mas nunca foi objeto de compartilhamento em família, os
conflitos são iminentes. É comum nestes casos ocorrer de os prováveis
sucessores pensarem nos seus projetos pessoais de vida, dos quais,
provavelmente os negócios familiares estejam fora de questão.
As opções de formação profissional, bem como as oportunidades
de emprego surgidas nos últimos tempos, tornaram mais acessíveis o ingresso de
jovens bem preparados. A liberdade de aprender idiomas em intercâmbios
culturais, os altos salários pagos por empresas públicas e privadas aos
empregados de boa formação acadêmica e técnica são grandes atrativos para os
jovens, que pensam em se libertar das pressões familiares por sucessão nos
negócios.
Quando o universo de oportunidades, fora da esfera da ótica
já foi conhecido pelos possíveis sucessores, fica difícil para os fundadores
convencerem estes familiares, sobre a importância da sucessão em família. Diz
um provérbio popular: “É de pequenino que
se torce o pepino!” É bem provável que você já tenha ouvido este ditado.
É o cuidado com a educação e o lento processo de aprendizagem
nos negócios da família, que desenvolve nos prováveis herdeiros, o interesse
pela sucessão. Os aspectos morais, sociais e econômicos do negócio podem
patrocinar a inserção do familiar no empreendimento. Contudo, o fator “vocação”
é determinante para a sucessão vitoriosa.
Embates verbais e contendas familiares são comuns, quando os
pais tentam impor aos filhos tardiamente suas preferências, inspiradas em
conceitos retrógrados ou fora dos padrões que regem a convivência familiar
democrática. O diálogo e o respeito mútuos devem ser a tônica das relações,
afinal, idade avançada, nem sempre é sinal de sabedoria, apesar de muitos pais
insistirem neste diapasão.
Investir na formação dos filhos para que apenas satisfaçam aos
desejos egoístas dos pais investidores, configura-se num ato de simples troca
compulsória de favores. Aos filhos se permite o livre arbítrio, respeitando-se
suas preferências e competências. Filhos que não se interessam pela sucessão
direta nos empreendimentos familiares não são inimigos dos negócios. Eles podem
influenciar e até colaborar para a continuidade destes empreendimentos bem
sucedidos. Para tanto, uma boa dose de diálogo franco e respeito pela opinião
destes filhos é determinante para obtenção dos planos de sucessão familiar.
Não dá para lutar contra a maré. Se os filhos decidirem por
seus projetos de vida, fora do negócio (ótica); melhor tê-los como herdeiros e conselheiros
do que vê-los distantes da família e dos negócios.
Luiz Amorim – Consultor Comercial e autor do livro (O SEGREDO
PARA VENDER + ÓCULOS).