Autor: Prof. Luiz Amorim
Laboratórios
ópticos ganham dinheiro, distribuidoras e fábricas de armações ganham
dinheiro, empresários do setor ganham muito dinheiro e o vendedor de
ótica amarga mais um ano novo com velhas esperanças.
Por quanto tempo ainda, conviveremos com esta triste realidade?
Tenho
acompanhado as notícias do setor óptico nos portais e revistas,
conversado com lideranças e autoridades envolvidas com grandes decisões
corporativas, entretanto nada registrei de benefício ao vendedor de
óticas, notadamente algum programa de qualificação para atendimento ou
entendimento técnico do seu ofício.
Os
números do setor óptico são gigantescos segundo a Abióptica, e, mesmo
esta entidade que tem uma iniciativa nobre como a Fundação Abióptica,
não consegue suprir as mínimas necessidades do mercado.
A
profissão de consultor óptico é atraente, o mercado tem oportunidades
para empregar muita gente, porém as pessoas que desejam ingressar nele
não sabem onde buscar a qualificação necessária para o primeiro emprego.
Esta é a fórmula que alimenta o círculo vicioso onde "o mercado não
vende mais por que não treina e não treina por que não vende mais". Os
mesmos atores deste caótico cenário seguem se revezando nas óticas
levando vícios e multiplicando a insatisfação de patrões e empregados.
O
presidente do Sindióptica.SP Sr. Akira Kido, acompanhado do Diretor
Executivo desta entidade Sr.Luiz Alberto Perez Alves e ainda o
coordenador do CNC Sr. André Roncatto e o Diretor executivo do
Sindióptica.RS, Sr. Roberto Tenedini, estiveram em Brasília com a equipe
do Ministério da Saúde para apresentar o projeto "Óptica Popular do
Brasil". O referido projeto trata de inclusão visual para população de baixa renda.
Segundo depoimento desta comitiva, "eles ficaram muito entusiasmados
com a receptividade que o projeto obteve, bem como com o interesse
demonstrado pelo Ministério da Saúde". Julgo este, o maior acontecimento
do setor óptico brasileiro em 2012, afinal, se aprovado, representará
mais emprego e oportunidades para o crescimento do setor.
A
iniciativa é louvável, e, certamente necessária. Minha preocupação,
mais uma vez se reforça, caso este projeto seja aprovado pelo Ministério
da Saúde. Neste cenário teremos: mais vendas de lentes e armações, mais
serviços para os laboratórios e mais empresários surgindo no mercado e,
a conseqüente pergunta: Como ficará a mão de obra, frente a este
crescimento inevitável?
Conheço
de perto a luta do Sr. Akira Kido e do seu Diretor Luiz Alberto Perez
Alvez, em prol da melhoria na qualificação dos parceiros do
Sindióptica.SP, pois em 2012 ministrei três palestras em regiões
distintas do estado de São Paulo com este objetivo. Nestes eventos
pudemos constatar a importância dada pelos inscritos, pela presença
numerosa e vivo interesse demonstrado no tema proposto.
O
estado de São Paulo sempre na vanguarda em todos os setores, certamente
se beneficiará com a aprovação de projetos desta natureza, mas, mesmo
ele não estará imune as deficiências crônicas e o abismo existente entre
a necessidade e a contratação de mão de obra qualificada.
Muito
se faz para a defesa e o crescimento do setor óptico, contudo todos os
atores devem ser contemplados, principalmente o maior responsável por
todas estas conquistas. (O VENDEDOR).
Um
povo que ignora seus direitos e deveres, atrofia o desenvolvimento de
um país que, mergulhado nos escândalos da corrupção envergonha a todos. O
setor óptico não foge a regra, se guardadas as devidas proporções. Não pode ser forte um setor que patrocina a ignorância dos seus colaboradores.
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