Autor: Prof. Luiz Amorim
Ao iniciar minha
participação na ótica Revista edição 353 (jan/fev-2012) como
colunista, quis demonstrar quanto o segmento ótico é promissor aos
que efetivamente sabem valorizar a ética. Sou otimista por natureza,
mas meus comentários na matéria não tinham a pretensão de pintar
o cenário com matizes dourados. Sei que, em todos os segmentos da
economia, muitos agem à margem da lei, contudo existem àqueles que
honesta e eticamente sobrevivem apesar de tudo.
Os comentários
a seguir, enviados por uma leitora da Ótica Revista, faz meu artigo
parecer lúdico e infantil. Leiam!
“Olá,
boa tarde, meu nome é Rute Beatriz, sou da cidade de Rio Claro - SP,
há 50 anos minha família é do ramo ótico. Ramo maravilhoso onde
se fazia dele uma verdadeira profissão, apesar de infelizmente ainda
não ser reconhecida pelo nosso país. Mas o meu assunto se refere à
sua reportagem na Ótica Revista de março 2012. Achei muito
interessante... De fato se formos analisar não existe outro ramo com
estas características citadas pelo senhor, mas quero aproveitar
também, e dizer algumas palavras conforme segue abaixo:
Qual
é o ramo que dá ou distribui mercadoria que a própria loja vende?
Qual
é o ramo que vende o seu artigo a R$ 1,99 como propaganda, para
chamar atenção do público?
Qual
é o ramo que anuncia com um adesivo bem grande na sua loja dizendo
“NÃO GASTE COM ARMAÇÃO, NÓS RECUPERAMOS A SUA"
Qual
é o ramo da área da saúde que tem seus produtos vendidos em
camelódromos; lojas de RS 1,99...
Qual
é o ramo que tem um bar montado em seu estabelecimento oferecendo
bebidas alcoólicas a seus clientes?
E
NINGUÉM FAZ NADA!
E
muito mais, é muito triste ver nosso ramo neste estado, onde temos
uma fatia maravilhosa do mercado e o próprio ramo por algumas redes
ou lojas estão fazendo que o usuário de óculos seja um consumidor
que não dá a mínima importância para um ramo tão bonito e
produtivo.
Obrigada
por ler esta minha mensagem, mas já que o Sr. tem feito palestras e
entrevistas referente ao nosso ramo creio que seria interessante
também ter em seu conteúdo este assunto tão importante.
Um
abraço”
Se
desejarem comparar os contrastes, leiam nas páginas 106 e 108 da
edição 353 desta revista. É lamentável que famílias tradicionais
que enobrecem a arte de vender óculos tenham que conviver com esta
horda de degenerados. A tradição de fazer negócio cuidando dos
aspectos éticos e honestos que permeiam as relações deixou de ter
sentido e cede lugar para o “salve-se quem puder”.
Na
introdução do meu livro O
SEGREDO PARA VENDER + ÓCULOS,
cito uma matéria do Optical
Journal de 1901 “Se você
valoriza sua visão não deve confiar nas palavras de vagabundos que
vão de casa em casa vendendo óculos. Eles vão dizer que seus olhos
estão doentes, e nada, senão suas lentes vão salvá-los da
cegueira. Tal conversa é um insulto à sua inteligência”.
Como
se constata nesta matéria, os desmandos e impunidade vêm desde o
século passado. Quanto aos desmandos contemporâneos, nada podem
fazer os comerciantes honestos, a não ser esperar por decisões dos
poderes públicos, notadamente a Vigilância Sanitária. À leitora
Rute Beatriz e sua família, que há cinquenta anos dignificam a
profissão de ópticos, resta a certeza de que não se corromperam,
nem utilizaram de meios escusos para sobreviverem.
Diante
deste evidente contraste, de um lado os desmandos e a impunidade, e
do outro a legalidade e a ética, vê-se que a ética tem sobrevivido
há cinquenta anos, sem máculas, ao passo que, os artifícios
espúrios vivem por pouco tempo, apesar de sempre se reinventarem. A
cada dia surgem novos “espertalhões” com suas idéias
mirabolantes para vender óculos. Apesar desta mazela, a população,
aos poucos, está entendendo a importância de entregar sua visão a
quem leva uma receita à
sério.
Sempre
haverá espaço para canalhas nos recintos onde habitam os homens
íntegros, cabe aos íntegros, portanto, diferenciarem seus serviços
no PDV, qualificando os colaboradores para deixar claro aos clientes
onde está o lado do problema e o da solução.
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