domingo, 24 de fevereiro de 2013

MESTRES E ALUNOS NÃO ESTÃO FALANDO A MESMA LÍNGUA



Existe um descompasso na relação dos promotores de lentes com as óticas que causa danos irreparáveis ao setor. Empresários, gerentes e supervisores, ainda não se deram conta desta inconsistência que interfere diretamente no resultado das vendas.

Há pouco tempo, estava eu em uma loja prestando consultoria quando, sem ser anunciado ou mesmo agendado, entrou porta à dentro o consultor de um fabricante de lentes. Estávamos em treinamento com os vendedores no salão, mas, o nosso inesperado visitante não levou em consideração esta sutileza. Ficamos todos calados para ver se ele se tocava, mas não funcionou. O dito consultor foi abrindo sua sacola e colocando seu material de merchandising na loja, segundo seus próprios critérios e vontade. Em seguida, tomou a palavra e falou, mal e porcamente sobre os produtos da sua empresa.

Certamente esta não é a conduta ensinada por empresas sérias, contudo elas deveriam ficar atentas para certos colaboradores apressados e deseducados. Parece-nos que eles precisam cumprir roteiro diário, e, nesta pressa, vão atropelando os direitos alheios sem qualquer cerimônia.

Após a saída deste inusitado cavalheiro, determinei que todo material instalado por ele fosse retirado imediatamente. Agora este andarilho das lentes está longe e não sabe que seu trabalho foi completamente perdido por falta de métodos, educação e visão de oportunidades.

Quando chego às lojas para consultoria, uma das minhas preocupações é observar o material de merchandising exposto. Em seguida, coleto um exemplar de cada um destes despertadores de interesse (folders, broadside, e panfletos) para sabatinar os vendedores sobre o conhecimento de cada produto apresentado. O resultado é sempre sofrível, afinal os vendedores pouco utilizam este material para aprendizado ou ilustração dos argumentos na hora da apresentação de venda.

É sabido que muitas lojas se beneficiam dos treinamentos sobre lentes quando os instrutores são habilitados para ensinar. Conhecer apenas os produtos não significa que alguém pode dar aulas sobre os mesmos. Recursos didáticos como a andragogia, psicologia do aprendizado e métodos de cognição, são essenciais para quem pretende transmitir conhecimento. O método de quem ensina precisa se ajustar aos desníveis intelectuais daqueles que aprendem. Qualquer descompasso nesta sintonia coloca por terra o esforço das empresas que desejam instruir os colaboradores das óticas.

Desejo deixar claro que admiro o trabalho competente de muitos profissionais das empresas líderes de mercado, pois sei que realizam suas tarefas diárias com um desvelo incomparável. Minha indignação tem como origem a irresponsabilidade das empresas que, sem nenhum critério didático, instalam alguns instrutores no mercado, e estes, muito mal fazem ao invés de contribuir para o bem das vendas nas óticas.

Já passei por mais de uma centena de lojas no Brasil em pesquisas e consultorias, contudo, durante a apresentação das lentes aos clientes, pouco testemunhei o uso de material deixado pelos promotores das fábricas de lentes. Os folhetos ficam nos displays do balcão do caixa, em algum lugar fora do alcance dos vendedores, mas nunca onde deveriam para ilustrar os argumentos de vendas.

Os vendedores se baseiam na intuição e na tarimba, ditando as regras para o paciente leigo que se encontra na sua frente. A tabela de preços é a única arma que eles têm para validar seus atos, porém os grandes despertadores de interesse deixados pelas empresas fabricantes de lentes são negligenciados de forma irresponsável.
De quem será a culpa deste descompasso? Mestres mal preparados ou alunos mal avaliados?

Reflitam sobre este assunto e tentem corrigir as distorções antes que elas causem mais prejuízos.


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