terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O TRISTE FIM DA ÉTICA ÓPTICA

Autor: Prof. Luiz Amorim


Ao iniciar minha participação na ótica Revista edição 353 (jan/fev-2012) como colunista, quis demonstrar quanto o segmento ótico é promissor aos que efetivamente sabem valorizar a ética. Sou otimista por natureza, mas meus comentários na matéria não tinham a pretensão de pintar o cenário com matizes dourados. Sei que, em todos os segmentos da economia, muitos agem à margem da lei, contudo existem àqueles que honesta e eticamente sobrevivem apesar de tudo.

Os comentários a seguir, enviados por uma leitora da Ótica Revista, faz meu artigo parecer lúdico e infantil. Leiam!

Olá, boa tarde, meu nome é Rute Beatriz, sou da cidade de Rio Claro - SP, há 50 anos minha família é do ramo ótico. Ramo maravilhoso onde se fazia dele uma verdadeira profissão, apesar de infelizmente ainda não ser reconhecida pelo nosso país. Mas o meu assunto se refere à sua reportagem na Ótica Revista de março 2012. Achei muito interessante... De fato se formos analisar não existe outro ramo com estas características citadas pelo senhor, mas quero aproveitar também, e dizer algumas palavras conforme segue abaixo:
Qual é o ramo que dá ou distribui mercadoria que a própria loja vende?
Qual é o ramo que vende o seu artigo a R$ 1,99 como propaganda, para chamar atenção do público?
Qual é o ramo que anuncia com um adesivo bem grande na sua loja dizendo “NÃO GASTE COM  ARMAÇÃO, NÓS RECUPERAMOS A SUA"
Qual é o ramo da área da saúde que tem seus produtos vendidos em camelódromos; lojas de RS 1,99...
Qual é o ramo que tem um bar montado em seu estabelecimento oferecendo bebidas alcoólicas a seus clientes?
E NINGUÉM FAZ NADA!
E muito mais, é muito triste ver nosso ramo neste estado, onde temos uma fatia maravilhosa do mercado e o próprio ramo por algumas redes ou lojas estão fazendo que o usuário de óculos seja um consumidor que não dá a mínima importância para um ramo tão bonito e produtivo.
Obrigada por ler esta minha mensagem, mas já que o Sr. tem feito palestras e entrevistas referente ao nosso ramo creio que seria interessante também ter em seu conteúdo este assunto tão importante.
Um abraço”

Se desejarem comparar os contrastes, leiam nas páginas 106 e 108 da edição 353 desta revista. É lamentável que famílias tradicionais que enobrecem a arte de vender óculos tenham que conviver com esta horda de degenerados. A tradição de fazer negócio cuidando dos aspectos éticos e honestos que permeiam as relações deixou de ter sentido e cede lugar para o “salve-se quem puder”.

Na introdução do meu livro O SEGREDO PARA VENDER + ÓCULOS, cito uma matéria do Optical Journal de 1901 “Se você valoriza sua visão não deve confiar nas palavras de vagabundos que vão de casa em casa vendendo óculos. Eles vão dizer que seus olhos estão doentes, e nada, senão suas lentes vão salvá-los da cegueira. Tal conversa é um insulto à sua inteligência”.

Como se constata nesta matéria, os desmandos e impunidade vêm desde o século passado. Quanto aos desmandos contemporâneos, nada podem fazer os comerciantes honestos, a não ser esperar por decisões dos poderes públicos, notadamente a Vigilância Sanitária. À leitora Rute Beatriz e sua família, que há cinquenta anos dignificam a profissão de ópticos, resta a certeza de que não se corromperam, nem utilizaram de meios escusos para sobreviverem.

Diante deste evidente contraste, de um lado os desmandos e a impunidade, e do outro a legalidade e a ética, vê-se que a ética tem sobrevivido há cinquenta anos, sem máculas, ao passo que, os artifícios espúrios vivem por pouco tempo, apesar de sempre se reinventarem. A cada dia surgem novos “espertalhões” com suas idéias mirabolantes para vender óculos. Apesar desta mazela, a população, aos poucos, está entendendo a importância de entregar sua visão a quem leva uma receita à sério.

Sempre haverá espaço para canalhas nos recintos onde habitam os homens íntegros, cabe aos íntegros, portanto, diferenciarem seus serviços no PDV, qualificando os colaboradores para deixar claro aos clientes onde está o lado do problema e o da solução.










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